quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Varicela (Catapora)

- Doença causada pelo vírus Varicela-Zoster;
- Altamente contagiosa (contagiosidade de 65 a 86%). Normalmente é doença benigna, evolui sem consequências mais sérias. Contudo, em alguns casos pode ter evolução grave e até levar ao óbito.  As complicações descritas são: infecções bacterianas secundárias, trombocitopenia, ataxia cerebelar aguda, meningite viral, pneumonia por varicela, síndrome de Reye. Adolescentes, adultos e imunodeprimidos apresentam maior risco de infecções bacterianas secundárias, causadas por Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus);
- A transmissão se dá através de secreções respiratórias (saliva, espirro ou tosse) ou por contato direto com as secreções das lesões vesiculares;
- Ocorre durante o ano todo, porém observa-se um aumento do número de casos entre o fim do inverno até a primavera (agosto a novembro);
- Os sintomas iniciam-se com febre (baixa a moderada, que dura, no total, 2 a 4 dias), mal estar, perda do apetite e dor de cabeça. Cerca de 2 dias após o início dos sintomas surgem pequenas máculas avermelhadas ("manchas") que logo se convertem em pápulas (“caroços”) avermelhadas que coçam. Tais pápulas evoluem (em horas) para vesículas com líquido cristalino, que pode tornar-se turvo (pústulas). Em 1 a 3 dias as lesões transformam-se em crostas. As primeiras lesões comumente aparecem na cabeça ou pescoço. Rapidamente surgem novas lesões em tronco e membros e também em mucosas (oral, genital, respiratória e conjuntival). Os diferentes estágios evolutivos das lesões (pápulas, vesículas, pústulas e crostas) estão presentes simultaneamente (chamado pleomorfismo das lesões);


- O doente transmite a catapora cerca de 24 a 48 horas antes do surgimento das lesões e continua até que todas as lesões tenham virado crostas (cerca de 7 a 9 dias). Por isso, os doentes devem ficar afastados da escola ou do trabalho;
- O tempo de incubação, ou seja, o tempo desde que a pessoa tenha sido contaminada até o surgimento dos primeiros sintomas varia entre 10 e 21 dias;
- O diagnóstico é clínico na maioria das vezes. Em casos duvidosos pode-se solicitar sorologia para varicela (IgG). Os métodos que detectam IgM não são confiáveis;
- Laboratório: há leucopenia nas primeiras 72 horas, que é seguida de linfocitose. As enzimas hepáticas ficam levemente elevadas em 75% dos casos;
- O tratamento é dirigido ao controle dos sintomas. Em caso de necessidade de antitérmicos, usar paracetamol ou dipirona. O AAS (ácido acetilsalicílico) não deve ser usado. A coceira pode ser atenuada com banhos ou compressas frias. Se muito intensa, um anti-histamínico via oral pode ser indicado. As unhas devem ser mantidas curtas. Em alguns casos, antibióticos e antivirais podem ser receitados;
- Quando ocorre durante o primeiro trimestre da gestação pode, raramente, resultar em má formação fetal (membros atrofiados, cicatriz na pele, alterações oculares e dano cerebral). Quando surge no final da gravidez ou logo após o parto, o recém-nascido pode vir a desenvolver doença disseminada. O período crítico ocorre quando a infecção materna se manifesta entre 5 dias antes e 2 dias depois do parto;
- Após a infecção, os vírus varicela-zoster habitualmente permanecem latentes no organismo por toda a vida, sem causar qualquer dano. Em alguns indivíduos que tiveram a doença, pode ocorrer - geralmente vários anos após - reativação do vírus levando ao aparecimento do herpes zoster ("cobreiro"). O herpes zoster é caracterizado pelo aparecimento de pequenas vesículas dolorosas em uma região limitada da pele;
- Existe na rede privada vacina contra a varicela, recomendada a partir de 1 ano de idade e realizada em 2 doses. Apresenta eficácia de cerca de 80%. Significa dizer que uma em cada 5 crianças vacinadas, quando expostas em um ambiente contendo o vírus, desenvolverá a doença. Contudo, verifica-se que as crianças vacinadas desenvolvem uma forma branda da varicela;
- A vacina se realizada em até 72 horas após o contato com o doente, serve para evitar ou atenuar a infecção em indivíduos suscetíveis;
- Nos indivíduos que tenham, simultaneamente, maior risco de evolução grave e critérios de contra-indicação à vacina (gestantes, prematuros, recém-nascidos de mães que tiveram varicela 5 dias antes até 2 dias depois do parto e imunodeficientes) está indicado o uso de imunoglobulina específica para a varicela (VZIG), que deve ser administrada (via intramuscular) até 96 horas da exposição. A VZIG quando não impede o surgimento da varicela, geralmente prolonga o período de incubação e atenua as manifestações da doença.